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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Ronaldinho no Atlético-MG .R10 Acerta com o Galo até o final do ano

Ronaldinho - Treino do Atlético na Cidade do Galo ( Foto: Bruno Cantini)
Uma década de moradia na capital mineira foi o suficiente para várias coisas, dentre elas,  fundamental para dissecar a fundo uma das figuras mais interessantes do futebol brasileiro: o torcedor do Atlético-MG, novo clube do craque das manchetes Ronaldinho Gaúcho. Não há torcedor mais peculiar. Não há, portanto, contratação mais peculiar do que a ida de R10 para o Galo.Fosse um time qualquer, ou melhor, uma torcida qualquer, torcedores estariam esbravejando, contra ou a favor. Quem não se lembra do Flamengo? Otimista que só ela, a torcida rubro negra recepcionou R10 como se estivesse recebendo o próprio Messias. Fosse outra, pedras quebrariam, portões seriam pichados, mães de diretores xingados pela contratação daquele que, torcedores cheios da verdade, já o consideram um ex jogador em atividade. Outra torcida mais comum aceitaria, levaria a 10 para Ronaldo e, vida que segue. O que quer então o torcedor do Galo com R10?
Sem vencer um título nacional desde 1971, mas mantendo a grandiosidade de um dos maiores clubes do país, o Atlético-MG é um paradoxo pintado de preto e branco. O torcedor, da “melhor torcida do Brasil” como se autoproclama, queria mesmo é ter o melhor time. Sofre com aquela mania de seus esquadrões da dar esperança e logo tomar, como um pai que promete um pacote de figurinhas e não cumpre.
O hino do Atlético-MG não é o mais bonito do Brasil. Mas quem já viu em um estádio a torcida alvinegra de Minas entoar o verso de uma palavra só, clamando pela vitória, já viu algo de muito interessante no futebol. Não há momento em que se vê nas arquibancadas deste país maior desejo de vitória do que quando os atleticanos entoam em coro e uníssono o tal do “vencer, vencer, vencer”. Ideal de uma massa, que, nos últimos anos, não vem sendo cumprido por um, ou por vários times.
Impressiona a negociação feita de forma rápida e secreta, impressiona a aposta do Kalil, impressiona como, de um momento para o outro, a cobertura esportiva em Minas Gerais mudou. O assunto chegou.Ronaldinho - Flamengo (Rafael Mayrink Goes/VIPCOMM)O que impressiona mais, no entanto, é a reação atleticana ao longodo 4 de Junho de 2012, já histórico para o clube. Enrolados com os boatos sobre a contratação de Forlán, a maioria dos torcedores pouco ligou quando se disse que R10 poderia parar no Galo. Choveram impropérios para Alexandre Kalil. Um disse que o presidente ia quebrar o clube, outros já disseram que iriam recepcionar o jogador no aeroporto se viesse, mas para cobrar respeito com a camisa atleticana, mesmo antes de jogar. Até escutou-se resmungos de que jamais iriam ao estádio se o Atlético fizesse esta “bobagem”.
Horas (ou minutos) depois, com a confirmação da contratação a cabeça atleticana já estava mais branca do que preta para a vinda do dentuço. Argumentos já eram trabalhados: mas ele vai vir ganhando pouco, está querendo jogo, vai querer mostrar que o Flamengo é que estava errado, pode ter sido uma boa aposta, que jogar futebol é igual andar de bicicleta, que ninguém esquece como se faz. Esperança que faz até salário de R$300mil virar “pouco”.
Bastou Ronaldinho ser apresentado para simbolizar a nova esperança atleticana rumo à tão perseguida glória. Tudo pode dar certo. Jornalistas, torcedores, jornalistas-torcedores já elogiavam o presidente, o jogador, o clube. Uma “bobagem” virou a maior contratação da história do futebol mineiro em questão de horas. Que beleza é o futebol. Um amigo atleticano, em êxtase,  até sugeriu um título de matéria: “Uma aurora de glória volta a resplandecer sobre o belo horizonte: R10 no Galo mineiro!”. Sensacional.
Incoerência? Claro que sim. Atire a primeira pedra aquele que sempre manteve a coerência na hora de torcer. A Ronaldinho resta saber que no Galo, o preto ás vezes não é preto e o branco, na maioria das vezes, passa longe de não ter cor.

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